Prazeres da vida...

Sou rapaz para cagar em muitas cenas simplesmente porque não estou para me chatear... mas nunca pensei que pudesse ser assim!

Estática...

No meu último on the road com um sonolento amigo, lembrei-me de quando atravessei o Canal da Mancha com um outro que era locutor de rádio.
Adorei ambas as viagens. Boa companhia. O primeiro só dorme. O segundo não se ouve nos túneis...

Ideia fish

Jogos...

E, de entre a multidão, ao ver que o enforcado era uma pessoa com os membros amputados, decide gritar pelas letras que faltavam...

Sonhos....

Decidi deixar de perseguir sonhos... combinei um sítio e encontro-me com eles lá...

Ataraxia

De todos os "males" de que padeço, de vez em quando é-me aplicado, como quem aplica um estalo, na testa, mais um rótulo: a impassibilidade.
Por um lado, agrada-me ser o sereno epicurista da tranquilidade da alma, da ausência de perturbação, sem transtornos e agitação, sem qualquer inquietação. Uma cara de pedra. Um Takeshi!
Por outro lado, identifico tais termos com a apatia, um estado acomodado, a pender para o catatónico.
Retiro a marca aplicada na testa e afirmo que o domínio de si, o estado de alma que, à primeira vista, se tornou estranho às desordens das paixões e insensível à dor, não rejeita a felicidade, não renuncia ao prazer e à dor. Cedo aos impulsos dos instintos como os demais, mas sou capaz de não exteriorizá-los, não os demonstrar, levando ao pensamento dos outros que me encontro desligado, quando apenas se trata de não permitir a perda do equilíbrio espiritual.
É que, já que as coisas não podem ser de outro modo, o mais sensato é apreciá-las como o são. E se gosto de dizer que me contento com pouco, digo-o no sentido do desfrutar das pequenas coisas e não necessitar de grandes feitos ou acontecimentos para me sentir bem.
Como Ricardo Reis, procuro simplesmente aderir ao momento presente, gozá-lo, sem nada mais pedir. Tal atitude não implica comodismo, apenas o prazer do agora, procurando, é certo sem grande esforço, algo mais.
Mas, sempre me disseram que nasci com o cu virado para a lua.
E eu, nunca discordei.
"Cada dia sem gozo não foi teu
Foi só durares nele.
Quanto vivas
Sem que o gozes, não vives.
Não pesa que amas, bebas ou sorrias:
Basta o reflexo do sol ido na água
De um charco, se te é grato.
Feliz o a quem, por ter em coisas mínimas
Seu prazer posto, nenhum dia nega
A natural ventura!"

O meu amigo...

Muita gente pensa que ser gago é algo de mau, um impedimento complicado.
Para mim, é como se antes de cada palavra que se esforça por sair, se ouvisse o rufar dos tambores!
Subitamente, tudo o que ele tem para dizer, por mais cretino que seja, torna-se na coisa mais importante do mundo. A curiosidade não permite o desvio, toda a nossa atenção é focada para aquela palavra, a última, a que remata o assunto, que nos dá a resposta para este filme de suspense! E o interesse é tal que partilhamos a dúvida! Entramos num jogo de charadas, bitando palavras como que dois gémeos dizigóticos, até que por fim surge o alívio da solução. E acreditem que nela reside sempre um prazer, mais que não seja porque toda a ansiedade desvanece!
É um jogo, é um filme... e se gostarem de musicais, é pedir pó gajo cantar... no meu caso foi:
Jorinhs, que merda de pi... pi... (pizza? piano? piloto? pintor?) pi... piada! Pois...

3 Dez 2006

Agrada-me que a minha banda preferida não possua um reconhecimento à escala mundial.
Agrada-me que, mesmo assim, tenha boa reputação perante a crítica e respeito em geral no meio musical.
Agrada-me que seja uma banda capaz de uma versatilidade musical dentro do espartilho rock alternativo a que foi catalogada.
Agrada-me saber tratar-se de uma banda que se dá por satisfeita em gravar o seu disco e que este será sempre bem recebido e comemorado por aqueles poucos que acompanham fielmente a sua carreira.
É que não dá para enganar. Há pérolas a descobrir e prazer em partilhá-las e dá-las a conhecer.
E se o fazem nos seus álbuns, o mesmo acontece ao vivo. Falo de canções que não fariam parte do meu repertório a ouvir mas que, através de uma nova roupagem ou apenas porque ao vivo resultam muito melhor, transformam a ideia que tinha delas. Exemplos claros disso são o primeiro single, Mr. Tough, extraído do novo álbum ou uma das 4 versões que fizeram de Nuclear War de Sun-Ra. Principalmente esta última, que cria tal empatia com o público que não podemos ficar indiferentes ao final do concerto, antes dos 4 encores da banda, a bater palmas na sua retirada para o backstage, descendo do palco em direcção a uma das saídas laterais e passando por um público que os acompanha até que voltem para mais!
Voltando ao início do concerto, passam 15 minutos das 21h00 e o nosso Quim Zofrénico e eu, feitos dois velhos marretas, vociferamos a falta de pontualidade e o desrespeito por quem no dia seguinte trabalha e nos obriga a ir a um concerto num Domingo. Isto, para além dos comentários que se ouvem por se estar num concerto destes na sentada Aula Magna, Mas aqui discordo. Acho que ninguém está impedido de ir para um dos seus corredores abanar a anca ou mesmo esquizofrenar aquando dos delírios das guitarras de Kaplan.
Começa o concerto e não restam dúvidas! Nada melhor que estar refastelado na minha cadeira a ouvir o sussurro da voz ao ritmo da limpeza da vassoura que jaz(z) na bateria. Um belo início ao som de Our way to fall.
É nesta vertente, a mais calma, que me derreto. Principalmente se for a Georgia Hubley a cantar. Ainda hei-de escrever sobre as vozes femininas que mexem comigo. Esta, está lá no topo pela sua beleza e simplicidade. Acho que é a partir do momento em que canta a solo algumas músicas, deixando o backing-vocal dos primeiros álbuns, que muda de maneira um pouco mais sensível a direcção da sua sonoridade. Surge a melodia e delicadeza que transforma a overdose de guitarra inicial em mesclas sónico-doces, tranquilas e intimistas, aperfeiçoadas até às canções mais belas que já ouvi. A par destas, só as instrumentais hipnóticas e envolventes que instituem novas texturas, microfonias e atmosferas ao seu som. Mas uma Green arrow ao vivo seria pedir demais. Pelo meio, e revezando-se uns aos outros, ficaram os três riffs do punk, a tristeza bela de alguns temas, o desvario do feedback e mesmo um órgão tresloucado.
Adorei o silêncio e a doçura de I feel like going home, ainda melhor ao vivo, e o final, de novo com Georgia a dar voz a I found a reason dos Velvet Underground. Não antes de tentares dar por terminado o seu último concerto da tour com um final natalício, de rock n' roll Santa, ou na vertente de discos pedidos com os Beach boys.
Mas todas as suas tentativas esbarravam contra o público que pedia por mais. E claro, em vinte e tal anos de carreira, fica sempre qualquer coisa por tocar. Lembro o gozo que me deu acompanhar You can´t have it all, ao vivo, noutra ocasião, e que nesta noite teria tido certamente o mesmo efeito. Naquela noite, até fizeram uma coreografia propositadamente brega adorável em que, no final, formavam um coração com os braços. Igualmente o chorinho brasileiro de Center of gravity faria sorrir, como só a bossa nova faz.
Nesta noite, as músicas foram outras, mas sempre com o mesmo improviso, diversão e à vontade. E, o que interessa, é que mesmo sem esta ou aquela, em mais de duas horas, eles tiveram-nos mesmo na mão.
Quanto a mim e quanto a este concerto, yo lo tengo na memória. Take care...

Basterdo 2 em 1

"O argumentista lembra-me um rapaz que tenta seduzir uma rapariga. Telefona-lhe, convida-a para sair com ele, é muito tímido, vão ao cinema, depois vão tomar um copo, ele convida-a para ir a casa dele, quando chegam ele põe música, serve conhaque, diminui um pouco a luz. A rapariga sente-se bem, começa a deixar-se ir. O argumentista acaricia-a um pouco, desabotoa os primeiros botões da sua camisa... Nesse momento, o realizador chega, dá a mão à rapariga e leva-a para o quarto para terminar o trabalho."

Andrei Konchalovsky in Les leçons de cinema

Os limites da pachorra

Crítica (Versão 1):
Primeiro erro: a persistência patológica de evitar saber qualquer coisa mais por vezes dá nisto: ir ver Os limites do controle como se fosse... um filme e não uma espécie de puzzle cinematográfico.
Depois, acerto! Não me apanham a tentar reconstruir o puzzle. Não sou dos que acham que um filme se resume em três itens: «story, story, story». Mas a sua ausência ou suposta para os que caíram no segundo erro e tentam a sua explicação ultrapassam os da paciência. Por isso nada tenho a explanar sobre o assunto. Caguei. Não vale a pena. Não é o Ghost dog - Parte 2. Se Lynch ainda me engana porque tem story, sound and image, aqui o que resta é: imagem. Os quatro cantos perfeitos, as linhas do enquadramento incompletas, a presença dos seus intervenientes.
Mas depois vem a petulância de muitas peças soltas e considerações cinéfilas ou científico-filosóficas imensamente pedantes, alguns fragmentos desgarrados insuportavelmente pretensiosos e um meio cheio de vácuo, abstracção e silêncio, quando não nos espetam com cantarolices parolas de nuestros hermanos. Xiça!
Salvam-se os dois cafés expressos em chávenas separadas por favor... que sirvam para vos manter acordado. Abrem-se muitas caixinhas de fósforos e assimilam-se não se processam as suas mensagens. Não. Não falo Espanhol. Isaach de Bankolé e seus fatos. Paz de la Huerta e Dejà-vú de viagens iniciáticas!

Crítica (Versão 2):
Curta, para os fãs do cadáver esquisito e de acordo com as instruções dadas no filme: "O universo não tem centro nem arestas. use as suas capacidades e use a sua imaginação."
Que filme brutal ao subverter o discurso convencional e desafiar a tirania do sentido!

Inquietações sonoras

... não sei por que não consigo desligar o amplificador e respirar por conta própria.
Music is what feelings sound like. I don't care about music. What i like is sounds...

Wanted

10/10 Auto-crítica do crítico


Olá, sou o Célio Pedra. Destaco-me como um brilhante crítico musical, e proponho-me assinar esta página pela primeira vez.
Para celebrar o meu baptismo, achei necessário falar da única coisa que poderá estar acima da música: eu próprio.

Às vezes, o crítico está acima do músico sobre o qual se escreve. Eu sou um desses casos. E estou sempre acima dos músicos sobre os quais escrevo (aliás, eu escrevo sobre - e não sob - música, logo estou acima da própria música...).
Neste aliciante desafio de escrever sobre mim próprio farei uma análise cuidada de todos os defeitos e qualidades que me são inerentes.
Defeitos, confesso que não encontrei nenhum, apesar dos esforçados esforços, passe a redundância.
As qualidades, essas, choveram em catadupa (e obrigaram-me, até, a um acto de preguiça na sua recolha, tal a abundância).
Desde já, sou bastante modesto, apesar das traiçoeiras aparências. Quando alguém me pergunta o número de CD's que possuo em casa, respondo ao curioso (certamente orgulhoso dos 200 discos no seu lar) da seguinte forma: «Poucos», a que acrescento de imediato: «Para aí uns nove mil, talvez mais, só CD's. O vinil, esse, já lhe perdi a conta». Este golpe de modéstia, reconheço, é mortal, e o uso da palavra « poucos» é fundamental. Num diminuto conjunto de palavras, reduzo o indivíduo à sua insignificância (200 CD's hein?) e demonstro a minha humildade de crítico... Admito que o primeiro intuito era o mais importante.
A minha cutura musical é abissal e insuperável. Sou o crítico que mais percebe de música. Ler o que os outros escrevem é uma actividade que me lembra a de um professor que corrige os testes dos seus alunos. Deixo-me dominar pelo sentimento de desprezo (em relação aos meus colegas de escrita, claro). Porque estou lá bem em cima. O meu conhecimento musical abrange desde o hip-hop Tailandês (eu percebo o hip-hop) ao gospel da Guiné-Conacri, passando pela onda de revitalização do punk do Bangladesh dos finais da década de 80. Impressionante! Quem me acompanha neste background musical? Ninguém. Para quê então ler os artigos dos outros?
A minha conduta guia-se por outras qualidades extremamente humanas, como a piedade, por exemplo. Quando penso em vocês, leitores, esse sentimento tão próprio dos nossos seres invade-me. Penso na quantidade de boa música que ignoram, nas viagens profissionais a outros países (com direito a estada nos melhores hotéis) que não fazem, na vossa impossibilidade de serem venerados como eu. Tenho pena de vocês e acho que isso é positivo, porque a piedade tem sempre um bom fundo.
Sou um indivíduo interessante e o facto de me apresentar como crítico musical desperta o fascínio das pessoas que me rodeiam. Por momentos, têm na sua frente um homem que é dotado de um conhecimento musical enciclopédico, que domina a escrita como um invulgar talento e que já passou pelas mais invejadas experiências, convivendo pessoalmente com os mais célebres músicos. O sucesso perante o sexo feminino é garantido, embora dispense as minhas galhardias profissionais para o triunfo neste campo. O meu charme já lá está.
Na verdade, acho-me um tipo fabuloso. A escala classificativa de 1 a 10 revela-se pouco propícia para uma auto-análise, tão terrena e estreita que é para o meu ego.
Vou dar-me 10 em 10... Mas merecia mais.

Estás despedido - A direcção

Esteves Gaivota

Encontrei um amigo no outro dia e ele disparou:
"- Não tens dito nada, nem telefonas, que se passa pá?!"
Eu respondi:
- "Não posso ligar a todos. O meu telefone não tem o número 7."
- "E há quanto tempo tens essa trampa?"
- "Não sei, o meu calendário não tem o número 3..."

Tecnologias parvas

Segue-me! Dizia o louco trissómico.
Depois mandou!
Twitta!
Já Twittaste hoje?
Twitta pá?
Porque não Twittas? Melhor: Porque não Twittas?
Twitta caralho!
O careca lá seguiu um louco e outro psicótico trissómico. Sempre é a melhor maneira de descobrir a utilidade de um serviço: testá-lo. Mas não Twitto.
What are you doing now? Piu. Piu. Nada de interessante tenho para piar. E quando tenho, não há tempo para twittar.
Assim, deixo no segredo de quem me segue não só o que de mais importante gostaria de partilhar com eles. Mas também os poupo de saber quando me encontro a cagar (sim, de vez em quando vou de portátil pá sanita e aí tenho um tempinho) ou se percebem que enquanto corto a unha do anelar, tenho a capacidade de teclar com os restastes dedinhos, o que daria uma ganda twittada.
Talvez o problema esteja nos dois trolhas que sigo. Nada escrevem por aqui e não twittam nada de jeito por ali. Ir atrás dos amiguinhos pode ter a sua piada, mas não será mais do mesmo? Já não conseguimos cuscar a vida dos outros ou mostrar que a minha é mais fixe que a tua com outros serviços?

Dizem. Segue é as pessoas certas! E quem são? Figuras públicas? Instituições/organismos? Talvez aí teria o seu interesse. Mas a procura quando já se é bombardeado por tanta novidade em todo o lado é perda de tempo.
E será mesmo que quem é mais seguido tem algo de interessante a partilhar? Duvido. Poderá apenas tratar-se de mais um caso de sucesso (talvez devido à actual taxa de desemprego e o tempo livre que provocou). O gajo que tem mil e tal amigos espalhados por aí como acontece em outros serviços do género. E depois, dou por mim a seguir a conversa de um gajo que diz a outro que os canais de Marte são óptimos para plantar rabanetes. «Rabanetes em Marte?» - penso eu. «Pá, essa merda é muito interessante. Deixa-me lá clicar no nome do gajo a quem ele está a responder para apanhar a conversa». Ah, cá está! Afinal o primeiro gajo só falou nos rabanetes marcianos porque este aqui mandou uma mensagem dizendo que é melhor plantar hortaliças em Vénus do que rabanetes em Marte. E mesmo este das hortaliças venusianas, percebo eu agora, já estava a responder ao não-sei-quantos que tinha dito que as tipologias endoplasmáticas da Scarlett Johansson lhe faziam lembrar as montanhas do Vale Marineris. Neste não-sei-quantos acabarei por encontrar alguém que falou sobre o axioma da redutibilidade dos esquentadores a gás - um tema muito popular na Twittosfera - em resposta a outro marmelo que afirmara que a plantação de nabos e rabanetes nos canais de Marte era perniciosa do ponto de vista da lei de Euclides, portanto não sei se estão a ver, no Twitter actual um gajo navega como uma bola enfiada dentro de uma daquelas antigas mesas de flipper, a ziguezaguear de um extremo ao outro do sistema até o cérebro fazer «tilt», regressando finalmente ao sítio de onde nunca deveria ter saído: o seu próprio, e sossegadinho, blogue, onde as conversas começam no princípio e acabam no fim.
Eu também tenho problemas com um esquentador inteligente burro. Pensei em ligar à assistência técnica mas já percebi que é no Twitter que me amanho.
Bem. Se nos restantes serviços, já vou restringindo as minhas amizades em vez de as ir somando apenas porque falei com fulano durante um minuto numa noite de copos, é altura de filtrar. É que à medida que vão entrando os ignoramus, a quantidade de informação útil diminui. E, a certa altura, acaba por se chegar à conclusão (como eu cheguei) que mais vale a pena abandonar o barco. O futuro o dirá. Mas para mim, é apenas mais uma cena. Assim digo:
Piada Twit: Que diz o pássaro grande ao pequeno?
PIU (dito em tom grave e alto)!

Micah P. Hinson - Yard of blonde girls


Quando o cover é melhor que o original...

Peixe grande em águas profundas

"Ideas are like fish. If you want to catch little fish, you can stay in the shallow water. But if you want to catch the big fish, you've got to go deeper."

Dupla ideal

As pinturas de Mark Rothko e o spoken jazz de Ken Nordine, cujo álbum Colors deveria passar em loop nas exposições e obras daquele.

Curtas


Neonsychosis

Enfermidade rara que se adquire nos trópicos sonoros, revestindo-se de febres e delírios sónicos, responsável pelo síndrome dos 3 R's: replays, repeats e retreats sonoros que se iniciam, muitas vezes, pela audição reiterada destas estirpes.

Gastronomia Portuguesa à la Ferdinand

"Subo a íngreme Calçada da Glória pelo lado dos carris do funicular, com as solas de pele escorregando das pedras da calçada que são como cubos irregulares de gelo vulcânico.
Falha-me um pé e agarro-me ao corrimão partido. Esta ravina urbana espartilha dramaticamente a cidade velha de Lisboa. As paredes estão cobertas de graffiti em gatafunhos tipo esparguete enrolado com cores anarquistas de sprays.
Encontro-me com o Parker à porta do Alfaia na esquina da Rua do Diário de Notícias e da Travessa da Queimada. A cadeira de alumínio onde me sento está de tal forma inclinada que me faz escorregar para o espaldar.
Trazem-nos à mesa uma selecção de queijos, presunto e azeitonas. Vale a pena ir a Lisba só para comer queijo de Azeitão. A casca velha, envolta em gaze muçulmana, parece a pele de uma múmia egípcia.
Cortaram-lhe uma tampa na parte de cima e traz uma colherzinha espetada no interior cremoso. É feito numa terra um pouco a Sul, perto da serra e do litoral, a partir de leite de ovelha cru e não pasteurizado, com cardo em vez de coalho.
Barramo-lo como mel em fatias de pão fresco e a sua doce pungência dilata-nos as narinas, forrando-nos o tecto das bocas.
Surge uma travessa roxa de polvo, temperada com um picante suave. O Parker fala-me na escala de Scoville, usada para classificar os picantes. Uma pimenta jalapeno tem cerca de 3.000 pontos e um pimento vermelho zero. O que comemos só perfaz umas duas centenas.
À nossa direita fica a janela da cozinha. Filas de metais contemplam, na nossa direcção, as fotografias desbotadas dos penteados do ano passado na montra do cabeleireiro do outro lado da rua.
O chefe vê-nos e enfia o polegar e o indicador nos olhos de um salmão do mar de nariz atrevido, segurando-o para o podermos ver, abrindo as guelras num sorriso escancarado.
Pedimos peixe. A Caldeira de Peixes do Mar é descrita como "diferentes pedaços de peixe cortados aos bocadinhos e cozinhados em tomate, cebola, alho, vinho branco, pimentos, com batata a acompanhar".
Nacos grosseiros de peixe desconhecido nadam num molho com um sabor rico de ter estado a refogar de um dia para o outro. Para o caso de as batatas amarelas não terem absorvido todos os sabores, há fatias esponjosas de pão no fundo, debaixo dos ossos.
Raspamos a última colher da casca do Azeitão. Entornamos a última gota do vinho tinto. As pedras da calçada parecem mais escorregadias a descer."

Beastieal

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."

Há mais de dez anos que li o meu único Saramago e a primeira reacção foi cinematográfica tal a adaptação brutal que seria a sua transposição para o cinema, finalmente realizada por Meirelles, este ano, provocando-me um turbilhão de sentimentos quanto à própria humanidade, frente a uma situação de caos, ou, ainda pior, na questão que coloquei, relativamente ao tipo de vivência que teríamos, se a visão não fizesse parte da nossa existência desde os primórdios?
A outra, como já devem ter notado, pela minha tentativa parva, com que escrevo este post, à la Saramago, é a forma da sua escrita, com poucos pontos, muitas vírgulas e discurso corrente que faz com que os acontecimentos passem pela mente do leitor com uma velocidade incrível, mas, isto são outras histórias, diferentes da súbita e inexplicável epidemia de cegueira que nos guia para a desorganização e a superação dos valores mais básicos da sociedade transformando-nos em animais egoístas na luta pela sobrevivência.
O filme, visualmente impressionante, fez-me querer reler o livro, recuperar a lucidez, resgatar o afecto, a anonimicidade que se requer para que isso aconteça, nas cidades, nas pessoas, em tudo, de forma a que seja realmente possível ver a sua essência.
"Uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos."

Tempus fugit

"Que era é esta em que nós vivemos? Quais são as nossas reais opções? Como devemos pesar essas opções?
Escolhemos caminhos, cheiros, sítios que podem ser opções, probabilidades de uma vida em linha continua. Mas neste tempo fantástico, de criatividade sem limites e sem fronteiras, saberemos, nós, estar no sitio certo e no momento certo para olhar e contemplar? Sim, porque no tempo que vivemos, esta precisa coordenação é tudo o que precisamos para receber. Muita coisa mudou e há muita mais por mudar.
Mas por favor, estes livros, discos, cinema, pintura, dança ou arquitectura, estas pessoas que me rodeiam, estas cidades, estes países de oriente a ocidente, estes novos caminhos, digitais ou não, que se abriram, são particularmente fantásticos e devem ser admirados na mesma proporção das dificuldades que ultrapassamos para a eles chegarmos. A dificuldade é mesmo seleccionar e ter tempo para alcançar, porque a única grande limitação da nossa era começa a ser mesmo o tempo.
Pode estar quase tudo mal mas se chegamos a este ponto algo de correcto já foi feito.
O tempo oferece."

Destined to great things...

Deliberadamente compassado, arriscados nos seus 160 minutos a desenvolver a morte de um dos ícones do faroeste e de certa forma os primórdios do mass media Americano, o culto da celebridade e os seus obsessivos efeitos, venham as nomeações... do também mais longo título do qual tenho memoraa na história cinematográfica!
É que ao contrário de outras longas longas-metragens, ajuda a acompanhar uma banda-sonora de Nick Cave e a cinematografia daquele que ultimamente faz a dos irmãos Coen. Orquestram-se mudanças focais, filma-se por de entre um espelho antigo e obtem-se a luz necessária para colorir a história fazendo surgir imagens que retemos na memória... sempre adorei os comboios da época... sem falar no guarda-roupa.
Narrando de forma poética Pitt e Casey (o único actor do clã Affleck), é sobretudo nos silêncios que sentimos todo o peso das emoções, conflitos e contradições que carregam. Seja no estilo e presença que o primeiro sempre transmite ou naquela que é desde já a mais irritante performance do ano, ambos deixam marcas... mas vence este último pois ainda ouço aquela voz...
Depois venha a entourage: Sam Rockwell que se torna cada vez mais num luxo tê-lo como secundário e a mal aproveitada Mary-Louise Parker porque já a vi com uns fumos em cima e é pena tê-la apenas para decorar... o que já não é mau, mas a surpresa vai para o pixa pequena do grupo: Dick Liddl.
Um belíssimo filme para quem não procura os prazeres simples da gratificação instantânea dos tiroteiros ao pôr-do- sol. Aqui a tragédia é tratada de forma Shakespeareana e não como qualquer outro fora-da-lei.
Fico à espera do Director's cut de 3hr e 50min de um filme que nos diz tudo com o título e ainda assim nos surpreende no derradeiro momento. É como saber como acaba Control de Corbijn, mas ao contrário deste ainda assim ficar surpreendido com mais um...

... suicídio?

The wire - Fuck scene

Silence, pas un mot

Jano-me

É preciso estar sempre janado. É isso mesmo: é a única questão. Para não sentir o fardo horrivel do tempo que nos verga os ombros e nos inclina a terra, é preciso que nos janemos sem cessar. Mas com quê? Com erva, haxe ou pólen, como vos aprouver. Mas janai-vos. E se algumas vezes, nos degraus de um prédio, na relva verde de um jardim, na solidão triste do vosso quarto, acordardes, com a janadice já diminuida ou desaparecida, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, a ave, o relógio, responder-vos-ão: "É hora de vos janardes! Para não serdes os escravos martirizados do tempo, janai-vos sem cessar! De erva, haxe ou pólen, como vos aprouver. Mas sempre, sempre com música...

Compensar com os copos...

É no fim de semana que tento estabelecer o equilíbrio necessário. É que os tímidos, quando se soltam, acabam por ser inversamente proporcionais, porque passam de um extremo a outro, deixando sair tudo o que está contido.
Parece que o meu intermédio resulta num excesso de protagonismo. Mas ainda assim, acho-o bem melhor que o extremo. É que sai mais do que se tem contido e digo muito mais merda que a merda de histórias de protagonista que conto...

Che

“Se você treme de indignação perante a uma injustiça cometida a qualquer pessoa em qualquer parte do mundo, então somos companheiros.” - Che Guevara
(Injusto é o que se fez aqui ao Rato Mickey! Estou indignado!)

Jê Pê e suas Pêrolas

Rapaz de muitos talentos, estudou jornalismo, direito da comunicação, escrita de argumento, saxofone e língua árabe, JP Simões é a figura boémia da música portuguesa. Dos Pop dell’arte aos Belle chase Hotel, de Tati até à fixação por Buarque de Hollanda, do Brasil, é o gajo que faz aquela fantástica harmonia com uma nona que vai numa improbabilidade contra todas as regras harmónicas duma escala menor que passa para maior e dá numa cena fantástica. Exemplo: o êxito que teve no falhanço do seu disco a Ópera do falhado.
No único concerto em que o vi, à frente do Hotel, foi destesticulante ouvir a sua personagem em palco, a sua marca registada. Era aquele que, como eu, não gosta daquela falsa comunicação porreirista do "Oi pessoal, adoro-vos!" ou de dizer uma treta qualquer, habitual, e prefere dizer uma treta sua, expondo a sua disposição e contando umas histórias de forma a introduzir as músicas, como a do lado beirão Mlerifdadiano de fazer música sobre o construtor civil com betoneiras no palco e a cantar coisas como:

“De manhã quando o sol arrebita
vou p’rá obra com a marmita
numa mão o salpicão
e na outra o garrafão”.

... tudo isto de copo na mão e cigarro no canto da boca, terminando com um "Portugal é um penico!"

Era a fase do bigode. Agora, em 1970, o que é que aconteceu ao teu bigode?

"Sabes que os bigodes, com o tempo, começam a ficar cheios de sopa juliana, de caldo verde e a coisa começa a ficar pior. Quando me apareceu um cogumelo no bigode, tive que o cortar, porque estavam a nascer coisas que eu já não queria no bigode. Equívocos cogumelos nasceram do meu bigode, e deixei de me dar tão bem com ele. Corria o risco de me transformar num bigode, e eu não queria de modo nenhum transformar-me num bigode. Não é que o meu amor-próprio seja enorme, mas há limites. E acho que tenho conseguido, o que é que te parece? Eu acho que sim."

Eu também. E assim o comprova este seu poema:

Se eu por acaso (te vir por aí)

Se eu, por acaso te vir por aí
Passo sem sequer te ver
Naturalmente que já te esqueci
E tenho mais que fazer
Quero que saibas que cago no amor
Acho que fui sempre assim
Espero que encontres tudo o que quiseres
E vás para longe de mim.

Se por acaso (me vires por aí)

Se por acaso me vires, por aí
Disfarça, finge não ver,
Diz que não pode ser,
Diz que eu morri
Num acidente qualquer
Conta o quanto quiseste fazer
Exalta a tua versão,
Depois suspira e diz que esquecer
É a tua profissão

Vozes - Thom Yorke (Versão computorizada... e também Stephen Hawking e todos os que falam pela garganta)

Fitter, happier, more productive, comfortable, not drinking too much, regular exercise at the gym (3 days a week), getting on better with your associate employee contemporaries, at ease, eating well (no more microwave dinners and saturated fats), a patient better driver, a safer car (baby smiling in back seat), sleeping well (no bad dreams), no paranoia, careful to all animals (never washing spiders down the plughole), keep in contact with old friends (enjoy a drink now and then), will frequently check credit at (moral) bank (hole in the wall), favors for favors, fond but not in love, charity standing orders, on Sundays ring road supermarket (no killing moths or putting boiling water on the ants), car wash (also on Sundays), no longer afraid of the dark or midday shadows nothing so ridiculously teenage and desperate, nothing so childish, at a better pace, slower and more calculated, no chance of escape, now self-employed, concerned (but powerless), an empowered and informed member of society (pragmatism not idealism), will not cry in public, less chance of illness, tires that grip in the wet (shot of baby strapped in back seat), a good memory, still cries at a good film, still kisses with saliva, no longer empty and frantic, like a cat tied to a stick, that's driven into frozen winter shit (the ability to laugh at weakness).

To everything... turn, turn

Torneira!

Cotovelada QuimZoofrénica de bolso - O best of...

Era um cotovelo lindo! Para o comum dos mortais, poderia ser um cotovelo como qualquer outro. Puro engano. Este cotovelo era perfeito! Forte e vigoroso, a sua estrura óssea conferia-lhe um ar inquebrável, imponente, autoritário.

Ao encontrar o menino que gostava de enfiar a cabeça no congelador, disse-lhe para parar de lamber o gelo e começar naquele cotovelo, que ele não conseguia. O puto não quis. O cotovelo não gostou e fechou a porta do congelador. Adorava de tal forma aquela extremidade que sempre que não conseguia demonstrar o seu afecto com lambidelas de betoneira, enfurecia-se ao ponto de partir a cabeça do primeiro que se encontrava por perto.

A arma era de tal forma poderosa que decidiu colocar picos e tornar-se profissional. Só tinha um senão, o comichão! Por vezes a aflição levava-o desconcentrar-se e a falhar a cabeça que alvejara.

Conhecido desde então como Cotovelinhos, certo dia foi afogar as mágoas ao bar da esquina após o seu ouriço ter acordado doente. Problemas de pele, desconfiou, pois da noite para o dia, o pobre bicho perdeu a quase totalidade dos picos que lhe preenchiam o pequeno e abalofado corpinho. Só restou um. No cima da cabeça. Tipo antena. Coitado do bicho queria agora ser muito aquele cotovelo. A ambição era tal que, perante a manifesta incapacidade de acançar os seus propósitos, o pobre ouriço passava os dias a choramingar pelos cantos da casa. Tornou-se um ouriço deprimido. Fez greve de fome, para sempre.

A cada golada de cerveja, já mal se aguentava no banco, alto, e esforçava-se por manter um periclitante equilíbrio, encostado ao balcão, com o apoio dos cotovelos calejados de tanto cotovelar. Decidiu que estava na hora. Tirou os picos, e deixou-os ao balcão que aquilo já lhe tava a magoar. "E que faço eu com esta merda? Agrafo-os ao ouriço?" Perguntou a Conchita. "Bem podes enfiá-los no cú!", respondeu ele, agoniado de ver o seu ensaguentado cotovelo, e claramente farto de estar ali. Levou dois tabefes e ficou de castigo durante duas semanas. Logo vi. Conchita jamais compr...

"Mas quem é o raio da Conchita?", perguntou o cotovelo ao narrador. E saiu, claramente incomodado com aquela dúvida enquanto coçava aquele prurido que lhe afectava o ângulo saliente da articulação do braço direito com o respectivo antebraço. Nunca mais encontrou os picos.

Olhou para o despertador. Sete e trinta e quatro. Ainda tinha mais 26 minutos de sono pela frente. Ajeitou as calças, apertadas na zona dos testículos, virou-se para o outro lado e adormeceu. "Conchita, é hoje que te espeto uma queca!", é só tocar-lhe no umbigo, pensou.

Moral da história: "Nunca dês ouvidos a um repolho, perderias de vista os nenúfares! Fim Fom Fum!

Silêncio

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Adorei saber a do gajo que herdou um quadro e um violino que mais tarde veio a saber tratar-se de um Rembrandt e de um Stradivarius!
Infelizmente, Rembrandt construiu violinos de merda e Stradivarius não sabia pintar...

8Vertical: Que tem forma de cone

Um dos meus prazeres diários é tentar fazer as palavras cruzadas do Jornal Público (o outro é agarrar aquele pêlo mais saliente da narina esquerda com o propósito de provocar o espirro... e espirrar... e espirrar).
Mas escrevo sobre aquelas que não delimitam a colocação do vocábulo com as suas barreiras quadradas. As outras deixo para quem gosta da merda do Sudoku...
Isto, para dizer que foi com um enorme sorriso que hoje coloquei a resposta ao título deste post neste meu passatempo.

E não fui nem um pouco enconado!

Resposta b) Psicopatologia

E, se de repente, enquanto passeio pela rua, de mãos nos bolsos, descontraído no andar, assobiando a última música que me ficou na cabeça (no caso Unidiú de João Gilberto), sorrio e cumprimento quem por mim passa e reage ao meu comportamento ao ponto de apressar o passo, isso é:

a) Assédio sexual
b) Uma psicopatologia gravíssima
c) Campanha política abortiva
d) Alguém que se prepara para cravar algo
e) Desculpe, foi engano!

Uma destas, há-de ser de certeza! Só pode haver um motivo obscuro, velado, bizarro para uma cena destas! Mas já que na maior parte das vezes vivemos como eremitas urbanos, fechados na nossa rede segura de amigos/contactos/colegas, tento, de vez em quando, furar o esquema como aconteceu hoje...
Gosto deste tipo de resoluções! Cumprimentar um estranho, oferecer um gesto de simpatia inesperado, sorrir quando não é suposto, assobiar como um pateta alegre, ladrar quando menos se espera, comer caracóis pelo nariz só porque sim!
E por hoje chega de xaropadas de dramas pessoais e partilha de sentimentos... mandei-os tirar juntamente com as amígdalas...

To see or not to see...

Apocalypto, não é um sacerdote a arrancar um coração, nem um animal selvagem que devora sofregamente um rosto humano ou uma pancada seca que esmaga um crâneo.
Irreversible, não é uma cena de violação num túnel vermelho em Paris, nem um tipo acabar com a cara e vida de outro com um extintor.
Para mim, são o que não se vê e só se ouve em Reservoir dogs, onde Mr. Blonde corta à navalhada uma orelha ao som de "Stuck in the middle with you".
Ou em American History X, quando Edward Norton põe a boca de um tipo no lancil do passeio antes de lhe acarinhar a nuca com a sola da sua DocMarten's.
E como prefiro a imaginação... fica aqui a sugestão...
No caso de Tarantino, é ainda mais certeira a não visualização da cena através da aplicação da música certa no momento exacto. É que, as imagens e o som, tal como o impacto que essa combinação provoca, permanecem para sempre indissociáveis. Não consigo evitar a conotação violenta que obtém a ligeirinha música em reacção química com a mais atroz projecção mental individual do momento sangrento da decepação.

Que belo horrível...
"C'est l'histoire d'un mec qui tombe d'un immeuble de cinquante étages, et qui au fur et à mesure de sa chute se répète sans cesse pour se rassurer : Jusqu'ici, tout va bien… Jusqu'ici, tout va bien… Mais l'important c'est pas la chute… C'est l'atterrissage"

A mulher...

... usa a sua inteligência para encontrar razões que suportem a sua intuição.
São irracionais, emocionais, imprevisíveis, instáveis.
É uma cena hormonal.
Ou estão para ter o período, ou têm o período ou encontram-se em fase pós-menstrual.
Têm sensivelmente duas semanas por mês de relativa sanidade...
... e nalgumas, nem isso...

Melhor que o do alpinista João Garcia...

Tá frio! Um frio de enregelar os ossos! O tipo de frio capaz de quebrar o espírito de alguém ou forjá-lo em aço!

Etimologia

"The Old Man of the mountain dwelled in a most noble valley shut in between two very high mountains where he had made the largest garden and the most beautiful that was ever seen in this world. There were set to dwell ladies and damsels the most beautiful. Their duty was to furnish the young men who were put there with all delights and pleasures. And into this garden entered no man except only those base men of evil life whom he wished to make satellites and Assassins."
Marco Polo, Travels in Asia
É assim a descrição do viajante de Veneza, durante a sua passagem pela Pérsia, a caminho das terras Mongóis na China. Referia-se à Ordem de Assassinos. A seita fundada na região de Alamut, no Irão, por aquele que ficou conhecido como o Velho da Montanha.
Os que integravam esta tropa de elite, encarregada de difundir a nova corrente do Ismailismo, eram os Hashashins. Desempenhavam missões suicidas contra proeminentes figuras, sempre sob a influência do haxixe que, antes de perpetuarem os seus ataques, lhes induzia a visão do Paraíso.
Há então requinte! O assassino carrega em si uma carga pejorativa acrescida! Não se limita a matar como o vulgar homicida!
Ah... se houvesse requinte em tudo o que fazemos...
Reparei que era disléxico quando fui a uma cerimónia da Ordem dos Advogados, onde o uso de toga era obrigatório, e fui vestido de... gato!

Alegações

Acusado o arguido de estacionar na passadeira, aleguei insanidade.
Meretíssimo, quem, no seu perfeito juízo, estaciona o carro numa passadeira?
De seguida, perguntei as horas ao arguido e rematei:
"No further questions your honor!"

Dêprê

Cheguei à conclusão de que das poucas vezes em que me encontro num estado a que os outros chamam depressivo, apenas se trata de irritação sem entusiasmo!